segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Primeira Recomendação de "A Morte da Morte na Morte de Cristo"



Leitor,
Há dois pilares podres sobre os quais a fábrica do recente arminianismo (uma cria do antigo pelagianismo, que tínhamos bem esperado que há muito houvesse esfriado, mas que é aquecido e chocado pela sagacidade devassa de nossos espíritos degenerados e apóstatas) principalmente repousa.
Um é que Deus ama a todos indistintamente, Caim e Abel, Judas e o resto dos apóstolos.
O outro é que Deus dá (ou melhor, é obrigado ex debito[i] a assim fazer) tanto Cristo, a grande dádiva de seu eterno amor, a todos indistintamente, para trabalhar pela redenção deles, quanto poder para crer (vires credendi) em Cristo a todos indistintamente a quem oferece o evangelho; de modo que essa redenção pode eficazmente ser aplicada para a salvação deles, se lhes agradar fazer uso correto daquilo que é assim posto em seu poder.
O primeiro [pilar] destrói a livre e especial graça de Deus, tornando-a universal. O último dá razão para o homem gloriar-se em si mesmo ao invés de em Deus, este não concorrendo mais para a salvação de um crente do que concorre para a de um réprobo. Cristo morreu por ambos igualmente; Deus dá poder de aceitar Cristo a ambos igualmente. Os próprios homens determinam a questão pelo seu livre-arbítrio; Cristo torna ambos igualmente “salváveis”, mas eles próprios são a causa de sua salvação.
Essa doutrina maldita contradiz o propósito principal da sagrada Escritura, que é humilhar e demolir o orgulho do homem, fazê-lo até desesperar-se de si mesmo e promover e estabelecer a glória da livre graça de Deus, do princípio ao fim da salvação do homem.
O reverendo e erudito autor deste livro recebeu força de Deus (como um Sansão) para demolir esta casa podre sobre as cabeças desses filisteus que a sustentam. Leia-o diligentemente e não tenho dúvida que dirá comigo que há tal variedade de matéria selecionada correndo por todas as veias de cada discurso aqui manejado, e conduzida com tamanha força de julgamento são e profundo, e com tal vida e poder de um espírito celeste, e tudo expresso com palavras vigorosas e grávidas de sabedoria, que você tanto se deleitará na leitura quanto louvará a Deus pelo escritor. É a minha oração sincera que tanto ele quanto sua obra sejam mais e mais úteis.
O mais indigno dos ministros do evangelho,
Stanley Gower[ii]


[i] De obrigação, ou por obrigação.
[ii] Teólogo puritano de eminência considerável e membro da Assembleia de Westminster. Ele foi, a princípio, ministro em Brampton Bryan, Herefordshire. Mais tarde, foi ministro em Dorchester, onde parece ter permanecido em vida até 1660. (N. E.)

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